Impacto dos distúrbios de sono na condução

Um novo estudo reflete sobre o impacto do cansaço crónico na condução. A investigação da Faculdade de Medicina da Universidade de Washington indica que a interrupção do sono aumenta a probabilidade de uma condução perigosa, marcada pelo excesso de velocidade e travagens bruscas. 

As pessoas que sofrem de apneia obstrutiva do sono acordam cansadas, independentemente do número de horas que dormem. Esta condição é caraterizada por  interrupções respiratórias, que podem ocorrer dezenas ou centenas de vezes durante a noite. Apesar de, habitualmente, estas paragens respiratórias não despertarem quem sofre de apneia, interferem com o sono profundo. 

“A percentagem de adultos com apneia ligeira do sono é de 30% a 50%”, indica Brendan Lucey, professor de Neurologia e diretor do Centro de Medicina do Sono da Universidade de Washington. As pessoas com mais de 65 anos são os condutores mais responsáveis: obedecem aos limites de velocidade, conduzem de forma defensiva, evitam conduzir à noite, com mau tempo e em locais desconhecidos. Mas as mudanças com o avanço da idade, como a deterioração da visão, reflexos mais lentos e dificuldade em dormir, podem prejudicar os hábitos mais seguros. 

Os adultos mais velhos são mais propensos a desenvolver apneia do sono e mais suscetíveis a ferimentos graves num acidente automóvel. Os resultados do estudo sugerem que o rastreio para este distúrbio do sono e o respetivo tratamento (se necessário) podem ajudar na condução segura. 

Brendan Lucey juntou-se ao investigador Ganesh Babulal, professor de Neurologia, para estudar a relação entre a apneia do sono e os comportamentos de condução arriscados. Os investigadores monitorizaram os hábitos de sono e de condução de 96 adultos, através de um teste para identificar pessoas com apneia do sono e medir a sua gravidade (menos de cinco interrupções respiratórias por hora é considerado normal, de cinco a 15 é apneia ligeira do sono, de 15 a 30 é considerada moderada e mais de 30 é apneia grave do sono). No estudo da Universidade de Washington foi encontrado um aumento de 27% de probabilidade de condução perigosa por cada 8 interrupções da respiração adicionais em cada hora.

Para avaliar os hábitos de condução, os investigadores instalaram um chip nos veículos pessoais dos participantes e monitorizaram a sua condução durante um ano, procurando por indícios de travagens bruscas, acelerações súbitas e excesso de velocidade. Os participantes foram, também, avaliados por investigadores do Centro de Investigação da Doença de Alzheimer Joanne Knight (Knight ADRC), para a deteção de deficiências cognitivas e sinais de Alzheimer. Cerca de um terço apresentava alterações cerebrais que indicavam Alzheimer precoce. 

Os investigadores descobriram que a frequência de atitudes  perigosas na condução aumentava, em paralelo, com a quantidade de vezes que o sono era interrompido durante a noite, independentemente da doença de Alzheimer. “Não colocámos câmaras nos veículos, por isso não sabemos exatamente o que levou alguém a travar com força de repente”, disse Babulal. “Mas pode ter sido um semáforo que não se aperceberam que estava vermelho até se aproximarem e terem de travar a fundo. Quanto mais cansados estiverem, menos atenção dedicam à tarefa em mãos, especialmente se for uma nova atividade ou se estiver em constante mudança”, acrescenta. 

“Conduzir implica sempre o risco de acidente e os adultos mais velhos sofrem lesões mais graves”, disse Babulal. “Quando os mais velhos deixam de conduzir perdem muito a sua independência e mobilidade, o que tem consequências negativas para a sua saúde. Com este estudo, queremos compreender o que os coloca em maior risco para que possamos intervir e mantê-los a conduzir, em segurança, durante o máximo tempo possível”.

O estudo ajuda a compreender quais os fatores de risco associados ao envelhecimento que podem  colocar em risco os condutores. Os investigadores defendem, ainda, que a investigação pode ajudar a encontrar formas de aumentar os anos de condução segura. 

Fonte: https://medicalxpress.com/news/2022-04-risky-behaviors-common-disorder-worsens.html 

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