Praticar Exercício Físico pode ajudar a reduzir os sintomas da Apneia Obstrutiva do Sono

A prática de exercício físico pode ajudar a reduzir os sintomas de alguns distúrbios do sono e a melhorar a função cerebral. Neste sentido, um estudo revela que praticar exercício físico pode constituir um tratamento suplementar para as pessoas com apneia obstrutiva do sono (moderada a severa). Esta condição é caracterizada pelo ressonar alto e pela respiração interrompida, que pode aumentar o risco de doença cardíaca, AVC e declínio cognitivo. Geralmente, o tratamento passa pela utilização de um aparelho que, durante o sono, fornece ar sob uma pressão positiva nas vias aéreas superiores, empurrando o ar para as vias respiratórias, através de uma máscara.

De acordo com uma declaração da American Heart Association, entre 40% a 80% das pessoas com doenças cardiovasculares têm apneia do sono. Esta condição está frequentemente associada à obesidade, ao tabagismo, ao histórico de saúde familiar, à congestão nasal, ao consumo de álcool, a anomalias hormonais e doenças, como a diabetes tipo 2. Estudos prévios revelam que as pessoas diagnosticadas com apneia do sono sofrem uma diminuição do metabolismo da glicose cerebral, o que pode prejudicar a função cognitiva.

A mais recente investigação neste âmbito baseia-se num estudo publicado na revista Brain Plasticity, em 2019, que concluiu que o aumento da atividade física melhora o metabolismo da glicose cerebral e a função executiva em adultos de meia idade, com risco de Alzheimer.

“A prática de exercício parece ser um tratamento adicional interessante”, destaca a investigadora Linda Massako Ueno-Pardi, colaboradora no Instituto do Coração e no Instituto de Psiquiatria e professora associada na Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo, no Brasil.

O estudo da investigadora compreendeu 47 adultos brasileiros com apneia obstrutiva do sono. Metade da amostra praticou exercício físico supervisionado, durante 60 minutos, três vezes por semana, ao longo de seis meses. A outra metade não desenvolveu nenhum tipo de atividade física. Os participantes de ambos os grupos foram sujeitos a testes para medir o metabolismo da glicose cerebral e a função cognitiva, incluindo a atenção e a capacidade de planear e executar tarefas. Os investigadores mediram, também, a gravidade dos sintomas da apneia do sono, como perturbação na respiração e a redução do nível de oxigénio no organismo.  

Ao fim de seis meses, os participantes que praticaram exercício demonstraram melhorias na capacidade de utilização da glicose por parte do cérebro, redução nos sintomas da apneia do sono e melhoria da função cognitiva. Os participantes que não treinaram não sofreram alterações na sua condição, exceto um declínio no metabolismo da glicose cerebral.

A investigação concluiu que o exercício físico deve ser adicionado ao plano de tratamento da apneia do sono, como reforça Michael Grandner, diretor do Programa de Investigação sobre Sono e Saúde e professor de psiquiatria na Faculdade de Medicina da Universidade do Arizona, nos Estados Unidos da América. 

“Os resultados do estudo são importantes porque demonstram que o exercício físico pode beneficiar a saúde cerebral em pessoas com distúrbios do sono”, acrescenta Grandner. 

“Os tratamentos atuais implicam, geralmente, a utilização de um aparelho que fornece ar com uma pressão positiva nas vias aéreas superiores, empurrando-o para as vias respiratórias, o que é ótimo e funciona. Contudo, este é um instrumento algo volumoso e pouco estético. Assim, acrescentar o exercício físico ao tratamento é uma opção que beneficia o paciente”, destaca o professor. 

“Os aparelhos de pressão positiva nas vias aéreas superiores não ajudam no combate à obesidade, a causa mais frequente de apneia obstrutiva do sono. O exercício físico pode ser eficaz na redução do excesso de gordura ao redor das vias respiratórias, um dos  motivos que dificulta a respiração durante a noite”, evidencia Michael Grandner. 

No decorrer da investigação, a equipa de Linda Ueno-Pardi, não mediu a perda de peso ou a tonificação muscular. No entanto, os investigadores destacam a redução significativa na percentagem de gordura corporal nos participantes que realizaram atividade física. O exercício pode ter reduzido os sintomas da apneia do sono, uma vez que houve a diminuição da gordura corporal, especialmente ao redor das vias respiratórias. "Há muitos estudos que concluem que a perda de peso é uma estratégia realmente poderosa para tratar a apneia do sono", conclui Grandner. 


Fonte: https://medicalxpress.com/news/2021-09-apnea-brain-health.html

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