Quando as árvores começam a tingir de laranja e vermelho sabemos que chegou o outono e, com ele, o arrefecimento do tempo e a mudança para a hora de inverno.
A mudança da hora bianual foi idealizada há mais de um século e, desde a sua implementação, vários países se têm mantido fiéis, havendo alguns que desistiram e outros que nunca a adoptaram. As razões que então a justificaram foram várias, mas nas últimas décadas os estudos e a esgrima entre aspetos positivos e negativos têm-se multiplicado.
Por haver evidência de que inúmeros fatores podem ser afetados, tanto a nível da saúde física e psicológica como da sociedade e da economia, surgiu em muitos países a proposta para a abolição da mudança da hora. A nível da Europa essa proposta já foi feita pelo Parlamento Europeu em 2019, mas até ao momento atual ainda não surgiu qualquer decisão e no próximo dia 30 de outubro vamos ter uma nova mudança para a hora de inverno.
Nesta mudança, vamos ter o “bónus” de uma hora, situação que habitualmente é mais fácil de gerir do que quando o dia (ou antes, a noite) fica com menos uma hora, como acontece quando ela ocorre na primavera.
A mudança da hora nos relógios é fácil e nos equipamentos eletrónicos até é feita automaticamente, mas a do nosso relógio interno não é assim tão fácil. O ritmo circadiano de cada um é regulado por vários fatores. A luz natural é um dos mais importantes, influenciando a secreção da melatonina que regula o grau de sonolência na preparação para a noite.
A adaptação a esta transição horária é variável entre as pessoas, podendo levar uma semana até que se consiga fazer o ajuste. Nas crianças, em particular, poderá corresponder a uma alteração dos esquemas horários de deitar e das sestas, sendo que aquelas crianças que têm tendência a acordar muito cedo poderão passar a acordar ainda mais cedo, constituindo um martírio para os pais.
Sugestões para facilitar a transição para a hora de inverno:
Na semana anterior à mudança da hora:
1) Siga as rotinas habituais da ida para a cama;
2) Adopte o esquema horário para se deitar que mais se lhe adapte:
a) Mantenha o mesmo horário para se deitar (e terá mais uma hora para dormir) se não tem dificuldade na adaptação da transição;
b) Em caso de adaptação difícil ou quando se tratar de uma criança, utilize o seguinte esquema:
- Na 4a feira anterior e durante 4 dias deite a criança 30 minutos mais tarde (deixando-a dormir mais 30 minutos na manhã seguinte, se possível);
- No domingo à noite, deite-a à hora habitual (na nova hora) e ficará a dormir novamente no seu esquema próprio;
3) Mude a hora nos seus relógios no sábado à noite;
4) Siga as rotinas das refeições e das actividades habituais.
Após a mudança horária:
1) Siga as rotinas das refeições e das actividades habituais;
2) Evite dormir a sesta, particularmente ao fim da tarde;
3) Reforce a exposição à luz natural de manhã e o evitar a luz dos equipamentos electrónicos à noite.
Enquanto não chega a hora permanente e nos vamos mantendo no esquema da mudança bianual, tentemos fazer a melhor adaptação possível.