O que deve saber sobre wearables

Aplicações e dispositivos móveis podem monitorizar o seu sono, mas interessa saber com que precisão.

Existem duas coisas que me levaram a interessar por wearables (dispositivos vestíveis). Primeiro, eu queria encontrar uma alternativa mais económica e flexível para os actígrafos usados em investigação (o padrão atual para avaliar o sono versus vigília fora do laboratório). Em segundo lugar, assisti à explosão de wearables no mercado, sem que os fabricantes fornecessem evidências convincentes (ou, às vezes, sem qualquer evidência) de que mediam com precisão o que afirmavam medir. Acho que os consumidores precisam de saber o que esses dispositivos podem e não podem fazer, ou corremos o risco de prejudicar a saúde do sono, em vez de ajudá-la.

O QUE EU PRETENDO QUE OS CONSUMIDORES SAIBAM

Muito poucos wearables foram validados de forma independente. Investigadores independentes sem filiação ao fabricante devem testar o dispositivo e determinar a precisão com que mede o que  é afirmado medir. Algumas empresas são muito boas na promoção dos seus dispositivos e alegam que eles são "cientificamente comprovados". No entanto, o consumidor deve exigir a consulta de estudos independentes, não apenas aqueles realizados por ou com funcionários da própria empresa.

Para ser franco, na minha opinião, atualmente nenhum dispositivo de monitorização do sono de consumidor disponível no mercado consegue identificar os estádios do sono (sono leve, sono profundo, sono REM) suficientemente bem para ser útil ao consumidor.

O QUE EU ACHO QUE VAI ACONTECER

O sono está a ser cada vez mais reconhecido como o terceiro pilar de uma boa saúde (associado à boa alimentação e exercício físico). Sabemos que dormir pouco ou mal é um fator de risco independente para uma série de problemas de saúde física e mental. Desta forma, cada vez mais consumidores estão interessados ​​em monitorizar o seu sono. Não há nada de errado com esta decisão. Só pretendo que os consumidores saibam que os resultados podem não ser fidedignos.

Outro problema crescente, à medida que os processos se estão a adaptar à tecnologia, é que, no momento, não existe uma forma aceitável de um prestador de saúde utilizar todos os dados que os wearables podem fornecer para melhorar o diagnóstico ou tratamento. A área  da medicina do sono está-se a esforçar para determinar a melhor e mais útil forma de introduzir os wearables nas recomendações de saúde do sono. Parte desse processo é determinar quais os wearables que funcionam como afirmam,  descobrir como traduzir as informações fornecidas em informações práticas ​​para o consumidor em geral e ainda como acrescentar dados dos wearables à informação clínica de modo a melhorar os cuidados médicos. Mas este é um trabalho em construção.

Os wearables têm o potencial de aumentar drasticamente a consciencialização sobre a saúde do sono na comunidade e na população. Investigadores, fabricantes e consumidores podem trabalhar em conjunto para acelerar o ritmo dessa descoberta para o benefício de todos. Estou ansioso pelo momento em que possa recomendar o uso de dispositivos de monitorização do sono com confiança. Acredito que esse dia chegará em breve.

Dr. Sean Drummond

O Professor Sean P.A. Drummond, do Turner Institute for Brain and Mental Health da Monash University, trabalha e estuda na área do sono há 30 anos.

Healthier Sleep Magazine

 






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